Fui pescar com um amigo e na volta da pescaria ele passou no colégio da filha para levá-la pra casa. Ao entrar no carro ela foi logo dizendo ao ouvir um clássico da música francesa romântica "F... come Femme", de Adamo: - pai, põe música!
Obviamente, ela queria ouvir as músicas de hoje que parecem um martelo eletrônico batendo estaca no asfalto.
Fiquei indignado com tamanha audácia. Cheguei quase a me engasgar, ao engolir em seco aquela afronta.
Pensei, mas não disse a ela, que música é a união de letra com melodia que se harmonizam formando um todo indivisivel que toca a alma e faz aflorar os mais puros e profundos sentimentos.
Música de verdade é aquela cuja complexidade dos acordes desaparece diante da simplicidade da execução de músicos maravilhosos, virtuosos e talentosos.
Música de qualidade não é aquela que tem apenas dois acordes de escala cromática, cujos encadeamentos são tão lógicos, que de tão simples chegam a ser previsíveis.
Música de verdade é aquela cuja letra remete a uma história, a uma situação ou simplesmente a um alguém. Aquela que você ouve e pede a Deus que ela não termine, pois de tão gostosa provoca sensações indiscritíveis.
Eu sou do tempo que música tinha arranjos maravilhosos, com metais e cordas percorrendos as linhas dos pentagramas, cujos resultado era um deleite para os ouvidos e um prazer para o ouvinte.
Sim, senhor! Musica tinha arranjo, com arrigementação e condução de regentes famosos, maestros magnificos, tais como: Radamés Gnattali, Chiquinho de Moraes, Moacir Santos, Erlon Chaves, Paul Mauriat, Billy Vaughn, Ray Conniff e por aí vai...
Ah, sim, voltando ao carro...
E naquele momento que o meu amigo mudou de estação para deixar fluir uma música da Byoncé, para satisfazer a filha, senti os meus ouvidos serem atacados e torturados pela inexpressiva qualidade duvidosa daquele som.
Fiz uma análise rápida, para proteger o meu cérebro daquela invasão de privicidade e percebí que a música tinha no máximo quatro acordes. Que o arranjo de base era montado em cima de música eletrônica programada (quer dizer, quem executa é um programa de computador, sem a presença de músicos).
Fiquei triste por saber que a tal evolução da música ao invés de reconhecer o talento do músico, lhe causa desemprego e dor.
Na verdade não se pode chamar aquilo de arranjo, pois não passa de um "arranjo" muito mal arranjado.
Percebe-se que os produtores já não tem a menor preocupação com isso, pois o que vale mesmo é o visual. É Bunda de fora, perna de fora, balançar de cabeça, pobres coreografias que suprem a falta de inteligência para captar a verdadeira essência da música.
A boa música exige reflexão e um mínimo de cultura para entendê-la. E hoje, definitivamente, a maioria dos jovens não quer pensar.
Pois é companheiro! As músicas - se é que assim podemos chamar - dos nossos jovens são realmente uma afronta aos ouvidos e ao bom gosto. Ficamos nós, antiquados de plantão, a viver da lembrança da boa música. Que legal ler sua crônica de hoje. beijão! Tiazona.
ResponderExcluirParabéns, mano, pela brilhante, real e oportuna crônica! Essa juventude sem referências trocou a boa música por verdadeiras podridões hoje expostas nesse vulgarizado e insano mercado musical. Raparigueiro, cabaré, cachorra, sacanagem, cachaceiro são alguns vocábulos utilizados nos lixos musicais da atualidade brasileira. Os jovens de hoje preferem as pornofonias e os gestos obscenos apresentados por uma safra de bandas ruins que engordam suas contas cobrando elevados cachês em troca de shows de imoralidade. Bunda grande, pernas grossas e rosto bonito atualmente valem mais que letra, melodia e voz. Quanta inversão de valores!
ResponderExcluirA mana e os mano tão ficando véio...
ResponderExcluirZé Quilibrado.
Kadu, bom gosto não tem nada a ver com idade. Bom gosto tem a ver com cultura e educação.
ResponderExcluirMas, isso não é pra todo mundo...