quarta-feira, 12 de maio de 2010

Copa do Mundo: A Seleção Brasileira

Brasil: A Seleção do Dunga

Nunca houve um técnico de futebol, no comando da seleção canarinho, tão previsível quanto o Dunga. Burro teve, sim. O Parreira. E o Parreira fez escola, cujo aluno mais aplicado é o Dunga.

O grupo convocado pelo técnico para a Copa do Mundo 2010, na África do Sul, é composto por jogadores que tiveram alguma experiência vestindo a camisa da seleção. Não necessariamente que "jogaram" futebol na seleção brasileira. Pois, vestir a camisa amarela da seleção é uma coisa. Agora, "jogar" futebol é outra coisa. Explico: Muita vezes o jogador é escalado para uma partida, veste a camisa da seleção e some em campo. Não joga nada, fica totalmente invisivel no esquema tático do treinador. Se inibe, não diz pra que veio... ou pra que foi.

O time de Dunga tem alguma peças assim. Vestiram a camisa, mas não jogaram e estranhamente foram convocados porque tiveram "brilho" nos olhos.

Se "brilho nos olhos" for credencial pra jogar na seleção, o Dunga deveria convocar os modelos das passarelas de desfiles, pois ninguém carrega mais "brilho nos olhos" que eles...

Na verdade, até entendo a tal "coerência" do Dunga. Mas, pergunto: como alguém que nunca teve um futebol bonito, talentoso e brilhante pode entender o universo inverso da "categoria" de um Neymar, da "classe" de um Ronaldinho Gaúcho e do "talento" de um Paulo Henrique Ganso?
Como alguém que tratou a bola com tanta dureza pode entender um artista da bola que a trata com carinho?

O Dunga sempre foi um jogador mediano, valente, viril, é verdade. Mas, só isso!

O Dunga esteve longe de ser um craque, um mágico da bola que fazia a torcida delirar, como faz o Neymar, o Paulo Henrique Ganso e o Ronaldinho Gaúcho.

Portanto, não vamos pedir mais do que a sua capacidade pode permitir.

O Dunga não convocou os atletas acima mencionados porque não sabe o que é talento. Só sabe o que é força.

Não foi ele mesmo que disse que "futebol é o momento"?

Que momento mais feliz pode viver o futebol brasileiro, senão nos pés desses três jogadores?

Os dois jovens do Santos Futebo Clube que encantam o Brasil, de ponta a ponta, inclusive com reverência dos próprios adversários, que se rendem humildemente à majestade de seu futebol.

E Ronaldinho Gaucho, que jogando no Milan, da Itália, fez uma das melhores campanhas individuais de jogadores brasileiros no "estrangeiro", a ponto de jogadores como Messi, Cristiano Ronaldo e Henri estranharem a sua ausência na convocação.

Esta seleção brasileira é a seleção do Dunga, mas bom seria que a seleção do Dunga fosse a seleção brasileira.

Vamos torcer prá dar certo!

Vamos lá Brasil!

Brasil...sil, sil,sil, sil sil sil, sil, sil, sil!


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Lendas de Pão de Açúcar III


O roubo do macaco

Esta estória quem me contou foi e meu amigo, o irreverente Jorge Kanecão.


Veja como os falsos profetas tentam enganar a boa-fé das pessoas...


Era uma segunda-feira de janeiro e Pão de Açúcar amanheceu sob um forte calor – coisa natural e peculiar à cidade – aumentado pela multidão que circulava pela feira-livre, o que fazia parecer que a sensação térmica era muito maior do que os graus marcados no termômetro da praça, o qual assinalava seus quarenta e cinco graus, mas pareciam cinqüenta graus.


Era gente chegando, gente saindo...


Tinha caminhões paus-de-arara carregados e apinhados de gente.


Era vendedor de todo tipo de produto e material. Uns gritavam daqui, outros de lá... Sem contar com o barulho dos bacorinhos, dos bodes e dos carneiros, que lembrava uma cidade ibérica, na época do comércio das grandes navegações. A feira era uma coisa primitiva, mas necessária para poder mover a economia da cidade.


- Olha a manga! É dez por cinco! – gritava o vendedor
- Faz doze por cinco, não, moço? – perguntava uma dona-de-casa, apalpando as frutas.
- Dá pra fazer. Mas é só pra senhora. “Num” diga por aí não – arrematou o sabido vendedor.


A descrição é necessária para situar o leitor no universo da estória, para facilitar o processo de introspecção à narrativa.
Pois bem, foi neste cenário que, de repente, ouviu-se um grito:


- Roubaram meu macaco! – gritou uma jovem senhora desesperada, de dentro de uma barraca.
- Como foi isso? – quis saber um senhor que passava no momento.
- “Num” sei não! Ele tava aqui agorinha mesmo e... sumiu! – respondeu a mulher.


Antes que a mulher pudesse raciocinar com precisão, alguém disse:
- Procure mestre Ferreira que ele vai dizer a “donde” tá seu macaco.
- É mesmo! Né! Quem sabe ele descobre – disse a mulher resignada.


Disse isso e partiu em busca da casa do mestre Ferreira lá na rua São Francisco.


O mestre Ferreira era um sujeito metido a sabido, que, segundo diziam-se fazia “trabalhos” miraculosos de ocultismo, macumba e coisas afins... (Aqui pra nós: eu nunca acreditei nisso).


Ao chegar lá a mulher foi convidada a entrar.
- Que aconteceu com “zi fia”? – perguntou o "caboclo incorporado", sentado numa cadeira de balanço (sic)
- Mestre, roubaram meu macaco lá na feira e eu quero saber a “donde” ele tá. – disse a jovem mulher, quase em prantos.
- Se preocupe não, “zi fia”, seu macaco vai aparecer. Vou fazer uns “trabaios” pra “mode” ele aparecer – disse o mestre, demonstrando uma segurança invejável.
- Mas antes, vou “percisar” de um dinheirinho pra “mode” comprar o “materiá” – disse o homem sem abrir os olhos, para não deixar transparecer a enganação.
- E quanto é, mestre? – indagou a mulher
- Uns cinqüenta “conto”, deve dá.
- Tudo isso, mestre?!!! – duvidou a cliente.
- Eu acho que vinte deve dá, pois ainda tenho um restinho do “materiá” aqui...
- É! Vinte dá. Mas tem de pagar agora – disse o velho enfático.
- Tá certo – disse a mulher entregando o dinheiro ao mestre.
- Pronto. São onze horas, disse o homem olhando o relógio no braço.
- Umas duas horas da tarde a senhora aparece aqui que eu já tenho a resposta – disse o velho levantando-se e quase empurrando a mulher, de casa a fora.


A mulher saiu e voltou para a feira. Não conseguiu trabalhar, pensando, ansiosa, no que poderia lhe dizer o mestre Ferreira.


Passadas as três horas de prazo, a mulher resolver ir ter com o mestre pra saber a resposta. Ao chegar lá na casa daquele “homem sabido”, nem precisou entrar, pois o mestre já a esperava na porta.


- E aí mestre, já sabe a “donde” tá o meu macaco? – indagou a mulher ansiosa.
-Sei sim, “zi fia”! – respondeu o mestre ... – Mas não se preocupe, que o seu macaco tá muito bem cuidado, tá sendo bem alimentado, já foi vacinado e tá tudo bem com o seu animal...
- O quê?!!!! – espantou-se a mulher.
- Isso mesmo que a senhora ouviu – confirmou o mestre Ferreira.
- Não pode ser – contestou a mulher.
- Por que não? – quis saber o homem
-Porquê, mestre, o macaco que estou procurando é o do carro, seu cabra de peia – disse a mulher, brava com o tamanho da “enrolação”.


E o mestre entrou na carreira pra dentro de casa pra não devolver o dinheiro, já gasto com a feira da semana, e fechou a porta na cara da mulher, que ficou lamentando o quanto foi besta por acreditar naquele “sabido.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Lendas de Pão de Açúcar II


A máquina de fazer bissuco


Em outra viagem - das muitas que fiz a Pão de Açúcar - o mesmo amigo me contou a estória a seguir...

Havia na cidade uma lanchonete que funcionava como um "senandinho". Lá reunia-se à noite, por volta das 20 horas, todas espécie de gente, principalmente aqueles que queriam fazer uma "boquinha" ante de dormir - um hábito nada saúdável - diga-se passagem, mas muito gostoso.

A clientela, na maioria das vezes, era de homens que gostavam de puxar uma boa conversa, sobre mulher, futebol, política, etc.,  até porque o proprietário, gostava de conversar e atualizar os conhecimentos, principalemnte aqueles que cuidava da vida alheia, como é praxe em toda cidade pequena do interior.

Pois bem...

Uma noite apareceu por lá um fazendeiro já idoso que adorava vitamina de banana. E quando ele chegava ia logo dizendo:

-Ô menino, faz aí um "bissuco" pra mim.

O dono da lanchonete já sabia de que se tratava. O "bissuco" era apenas uma vitamina de banana.

Confesso que fiquei curioso pra saber a origem do nome "bissuco".  Mas, deixa prá lá...

Entre um gole e outro do preciosos coquetel "bananaico", o velho olhava curioso para aquela máquina interessante que fabricava o preciosos lanche.
E antes de terminar o copo, indagou ao dono da lanchonete:

- Ô menino, onde vende essa máquina de fazer "bissuco"?

O dono respondeu:

- Lá na loja de "seu" Gabriel tem pra vender.

Resposta dada e assimilada, o feliz e satisfeito fazendeiro, alçou vôo e foi dormir, mas com a idéia fixa de comprar a tal máquina. Só assim poderia fazer a quantidade de "bissuco" que quisesse, na hora que bem entendesse, sem precisar pagar ao dono da lanchonete.

No dia seguinte, acordou e dirigiu-se a loja do seu Gabriel. Cheganbdo lá, perguntou de pronto:

-"Grabié" tem máquina de fazer "bissuco"?
- Hein?!!!! - espantou-se Gabriel, pois ficou sem entender nada.
- Máquina de fazer "bissuco". Tem?

O lojista já ia responder negativamente, quando um de seus empregados, o Oscar, que costumava frequentar a lanchonete o acudiu e disse:

- É um liquidificador, "seu" Gabriel.
- Ah! Tem. Pode escolher - confirmou o vendedor.
- Quero o mais bararto - disse o fazendeiro.

O lojista pegou um "Britãnia" novinho e disse:

- É este aqui.
- Esse bicho faz bissuco mesmo? - quis saber o comprador.
- Faz. Eu garanto - disse o lojista
- E como faz? - indagou o fazendeiro.
- Bom... o senhor compra banana...
- ... lá em casa tem, que comprei na feira - interrompeu o fazendeiro
- ... açúcar...
- Vou comprar no mercadinho de Manelito... - tornou a interroper o fazendeiro.
- ... e Nescau - concluiu seu Gabriel.
- Nescau???!!!  Que diabo é isso? - espantou-se o fazendeiro.
- É um pozinho marrom que tem gosto de chocolate - atalhou Oscar.
- E onde vende?
- Lá em Manelito também... depois o senhor bota leite e pronto, tá feito o seu "bissuco"... finalizou Gabriel.
- ... leite na fazenda tem muito - disse o fazendeiro.
- Vou levar - completou o fazendeiro.

Disse isso, meteu a mão no bolso, pegou o dinheiro e pagou em espécie. Saiu da loja com destino à fazenda, que ficava na zona rural do município de Pão de Açúcar.

Na manhã seguinte, tudo transcorria normalmente para o Gabriel. Seria um dia como tantos outros, não fosse a presença inesperada do furioso fazendeiro, que trazia a tiracolo o liquidificador cheio de leite, nescau e pedaços de banana e foi logo dizendo:
-"Grabié", tá querendo me enganar?
- Não! Por que? estranhou o lojista.
- Porque a máquina de fazer "bissuco" não funciona, não senhor!
- Funciona sim! Eu mesmo testei ela ontem - contestou Gabriel.
- Pois eu botei tudo dentro da "bicha", como você disse e tá aí - disse apontando pro liquidificador
- Mas o senhor mexeu aí no botão? - indagou Gabriel apontando para o dispositivo de ligar o aparelho.
- Mexi em tudo quanto foi botão aí. Não funciona nada - arretou-se o fazendeiro.
- Mas... o senhor ligou na tomada de energia?
- Energia?!!! - Exclamou.
- Sim. Na tomada. O senhor ligou?
- Liguei não.
- Ah...é por isso - disse Gabriel aliviado. - Pois ligue na tomada que o bicho funciona.
- Lá na fazenda não tem energia, não senhor! - arrematou o fazendeiro.
- E agora? - indagou Gabriel
- Agora... disse o fazendeiro ... devolva o meu dinheiro e fique com sua máquina de fazer "bissuco", que vou continuar tomando meu "bissucuzinho" lá na lanchonte, que é melhor!- enfatizou o fazendeiro.

Daí pra frente o tempo fechou e não se sabe qual foi o resultado da conversa.

A ilusão entra em campo


A noite em que o sonho acabou!

Hoje, 6 de maio, São Paulo acordou mais triste, depois de ver o Corinthians perder a vaga nas quartas-de-finais da Libertadores para o Flamengo.

Quiseram os deuses que fosse assim, senão não teriam cruzado os dois times brasileiros na noite de ontem. Infelizmente, apenas um segue em frente.

Pelo o que mostrou o Flamengo é muito difícil ele passar para a próxima fase jogando aquele futebol chifrim.

E também queiram os deuses, que Adriano volte a jogar o que sabe, porque no jogo contra o “Coringão”, parece que ele desaprendeu.

Do Imperador, goleador dos chutes atômicos, não resta quase nada, a não ser o excesso de peso. Do goleador nato, que fez delirar a torcida brasileira, resta apenas um Adriano que não convence, sem sentido de localização em campo, sem precisão nos chutes e sem alegria. Mas tem uma explicação para essa fase “braba” do craque do Flamengo.

O Adriano perdeu a vontade de sorrir. Perdeu o jeito moleque de jogar bola, de driblar. De se alegrar com as jogadas. Não sabe ele que a alegria é o combustível que incendeia o espírito dos grandes craques como Messi, Kaká, Neymar, Ganso e Robinho. Não viram como jogam os meninos da Vila? Pois é...

Volte a sorrir com o futebol e deixe de se meter em escândalos, Adriano, e encontrará o seu futebol perdido.

E o Coringão...


Nunca vi tanta incompetência para marcar um golzinho só. Um reles golzinho que o levasse à próxima fase da Libertadores e reavivasse a chama da esperança da conquista do Mundial de Clubes, no Japão, em dezembro. A fiel esperava isto há muito tempo.

Vendo o time do Flamengo jogar, o Corinthians dava pra fazer mais. Aliás, devia ter feito mais. Mas, agora não adianta chorar o leite derramado...

Se Adriano era apenas sombra do que foi, Ronaldo nem sombra do que era, foi. Era apenas um espectro em campo.


Do goleador dos dribles elásticos, resta poucos traços, mas notadamente na nuca (onde pode-se ver ondulações de gorduras que não dá pra esconder) e na barriga, onde o velho “bucho” parece uma melancia. Que é isso Ronaldo?


Comer é bom, mas não exageremos! Controle-se!

Pois bem...

A noite de ontem foi um pesadelo para os apaixonados torcedores do Coringão. A fiel torcida sofreu como se tivesse perdido um ente querido e saiu do Pacaembu em estado de choque, entorpecida pela fragrância da desilusão.

Perplexa, ainda sem acreditar, viu o sonho torna-se um pesadelo quando Vagner Love fez o tão chorado golzinho.


Nesse instante, o céu desabou sobre as cabeças dos torcedores e jogadores alvinegros, e aí todos puderam perceber que era tarde... muito tarde, pois havia chegado a noite em que o sonho acabou.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Minha opinião

Alagoas é uma Babel!

Lendo as notícias dos últimos dias, não pude deixar de reparar a questão política em Alagoas.

É fato que o nosso Estado é um dos menores da Federação, mas parece que Deus ao nos presentear com as mais lindas praias do Brasil, pra contrabalançar, também nos deu os piores políticos do mundo.

É denúncia de corrupção na Assembléia, é briga de arrancar a orelha na Câmara Municipal, é denúncia de licitação irregular no Governo do Estado. É tanta enrolada que chega a faltar fôlego para descrever!

Mas um assunto me chamou a atenção: as eleições de 2010.

Manchetes de jornais dão conta que existem três grupos políticos se digladiando pela sucessão ao governo do Estado, parlamentos federal e estadual.

Até bem poucos dias contavam-se como certas apenas as candidaturas do atual governador Teotônio Vilela Filho è reeleição e a do ex-governador Ronaldo Lessa, como candidato da oposição. E só!

Inclusive já havia se instalado, em grande estilo, uma Frente por Alagoas, da qual fazem parte Ronaldo Lessa, Renan Calheiros, Cícero Almeida, João Lira e outros caciques da política alagoana. Benedito de Lira escapuliu. Só saiu na foto inicial.

Mas... eis que aparece, de repente, elle, bagunçando o coreto, ao dizer que também é candidato ao governo de Alagoas.

Os políticos entraram em polvorosa, principalmente os da Frente por Alagoas, porque essa candidatura é altamente nociva aos interesses desse grupo, pois divide os votos daqueles que não votariam no atual governador Teotônio Vilela Filho e poderiam votar em Ronaldo Lessa.

Com a possível candidatura de Fernando Collor, a candidatura de Lessa se enfraquece e a chance de vitória diminui, o que é uma lástima para o Estado.

Ninguém é cego a ponto de não ver o quanto foi ruim para os servidores de Alagoas esse governador.

Ele pode até ter tido a intenção de alavancar o desenvolvimento do Estado, mas não passou de intenção.

Veja se não tenho razão: a duplicação da AL 101-SUL, segundo fontes do TCU, a licitação apresenta irregularidades.

É por isso que quem passa por lá, já não vê nenhuma máquina trabalhando e as obras estão paralisadas. Sem contar com a megaoperação que será duplicar as pontes Divaldo Suruagy e a da Massagueira.

Fazer a duplicação da pista até que não é tão difícil. Agora, fazer a duplicação das pontes é que são elas!

Isso sem contar na propaganda enganosa que o governo faz em torno do estaleiro de Coruripe. Bom, vamos aguardar...

E se tem classes privilegiadas em Alagoas, durante o mandato de Téo Vilela, foram a dos grandes empresários e dos agropecuarista do agronegócio empresarial, indivíduos mais favorecidos da sociedade. Vilela governou para uma minoria elitista, em detrimento dos servidores desprestigiados no seu governo.

Pois bem, hoje não se sabe ao certo quem vai ser candidato a que; se as intenções de candidaturas postas na mesa ainda se manterão; se os palanques regionais guardarão compatibilidade com os nacionais.

Como diz o grande radialista França Moura: o mais tolo desses grupos “come a goiabada sem abrir a lata” e “tira a meia sem tirar o sapato”.

E nós, eleitores, pobres mortais, ficamos à mercê desses homens sem palavras, sem respeito e muitos até, sem honra.

Alagoas é uma babel política.

Esta é a minha opinião!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Lendas de Pão de Açúcar I


O vendedor de cerâmicas

Conta as más línguas que o relato a seguir é verdadeiro. Ouvi-lo de um amigo, em uma das muitas viagens que fiz a Pão de Açúcar, na década de 90.


Muito bem, vamos a estória...


Certo dia apareceu na cidade uma firma vendendo cerâmica para colocar no piso ou nas parede de quem quisesse comprar. Não tinha novidade nenhuma nos produtos, a novidade estava apenas na forma de vender, pois os vendedores levavam os mostruários com fotos,  visitavam as casas e faziam as propostas de venda.  Do ponto de vista mercadológico, uma grande sacada: venda em domícilio de meterial de construção. Boa idéia. Boa não. Ótima! Louvável idéia.


Pois bem...


Muita gente comprou. E uma delas foi o saudoso amigo Edmundo, um velho funcionário público municipal, mecânico de primeira e brincalhão inverterado.


Na mesma rua do Edmundo morava um próspero fazendeiro, sujeito bom, mas ignorante de pai e mãe, embora quisesse sempre demonstrar que era muito esperto. Na verdade, era um sujeito que não tinha a menor idéia de como as coisas no mundo urbano funcionava. Ele entendia como ninguém da vida do campo, dos tratos culturais, preparo do solo, da colheita, do tratamento do rebanho e coisas da vida pastoril. Era um agropecuarista nato.


Um dia, num finalzinho de tarde, ao chegar em casa, percebeu que havia uma multidão em frente à casa do velho Edmundo. Ele olhou e perguntou a um dos vizinhos:


- Que "burbutão" de gente é aquele alí em frente da casa de Edmundo?
- São os homens que vieram trazer a cerâmica que o "seu" Edmundo comprou - respondeu o outro.


Diante da resposta, ele saiu de fininho, sorrateiramente, como quem não quer nada e foi olhar a tal "cerâmica".


Havia algumas caixas abertas e algumas peças espalhadas pelo chão. O velho Edmundo obervava feliz, com um sorriso no rosto.


O fazendeiro viu e gostou. Chegou calado e saiu mudo. Quase ninguém percebera sua presença, não tivesse ele perguntado a um menino na calçada:


- Onde fica esse povo que vende cerâmica?
- No Hotel de Valdice - repondeu o menino.


Ninguém imaginou que o interesse repentino, fosse culminar com os fatos a seguir narrados...


O fazendeiro foi pra casa, tomou banho, jantou e em seguida, por volta de umas 7 horas da noite foi bater no Hotel de Valdice. O local era conhecido como "Pensão da Dona Porra", pois a dona Valdice utilizava a palavra com muita fluência e generosidade e a aplicava livremente, como um substantivo comum, quando se dirigia a qualquer vivente.


Era seu porra pra cá, seu porra prá lá, que porra você quer comer?, quem é o porra que está aí? e "porr aí" vai...

No começo o hóspede estranhava, mas logo se acostumava, pois não era falta de respeito, apenas uma forma alegre de se comunicar. Todos entendiam...


O ilustre fazendeiro bateu palma à porta do hotel, num velho costume provinciano, e ouviu uma voz:

- Quem porra tá aí? - perguntou a dona
- É aqui que "está" os rapaz da cerâmica? - indagou o fazendeiro, devolvendo a pergunta.
- É sim. Entre e espere aí na sala que ele já vai.


Em seguida a dona da pensão virou-se para o vendeddor de cerâmica e disse.


- É com você, seu porra, que o homem quer falar.


O rapaz terminou de tomar café e em seguida foi atender ao fazendeiro.


- Pois não?
- É o senhor que "bota" cerâmica nas casas? - perguntou o fazendeiro.
- Sim senhor. Sou eu mesmo - repondeu o vendedor
- E por quanto você "bota"?
- Ah, cidadão, tem que tirar a medida. Você já mediu? Sabe quanto metros vai precisar? - indagou o rapaz.
- Não senhor...
-Tem que medir - interrompeu o vendedor. Você mede e depois traz aqui que eu digo quanto é.
-Ah, bom! ... tem que medir - disse o fazendeiro pensativo.
- Tem. - confirmou o vendedor.
-Então tá bom. Eu vou medir e trago já a medição.
- Está bem - disse o vendedor.

O fazendeiro foi pra casa e lá não tinha um fita métrica adequada para medir, porém havia espalhado no quintal alguns vergalhoes, resto de uma reforma que fizera na casa há alguns anos; pedaços de madeiras, cabos de vassouras (sem as vassouras) e mais alguns picuás e um lápis, que ele cuidou logo de colocar escorado na orelha.

Ele olhou em volta, pegou alguns objetos e fez a medição. E feliz da vida, por ter conseguido o seu intento, dirigiu-se de volta para o hotel. Lá chegando, o rapaz estava sentado à porta e perguntou:

-E aí, mediu?
-Ah, medi sim! - respondeu o feliz fazendeiro com sorriso de orelha a orelha.
-E quanto deu? - perguntou o vendedor pegando a caderneta para anotar as medidas.

E o feliz fazendeiro repondeu:

- Um vegalhão, dois cabos de vassouras e um lápis.




segunda-feira, 3 de maio de 2010

Uma crítica musical

X
A música de hoje

Fui pescar com um amigo e na volta da pescaria ele passou no colégio da filha para levá-la pra casa. Ao entrar no carro ela foi logo dizendo ao ouvir um clássico da música francesa romântica  "F... come Femme", de Adamo:  - pai, põe música!

Obviamente, ela queria ouvir as músicas de hoje que parecem um martelo eletrônico batendo estaca no asfalto.


Fiquei indignado com tamanha audácia. Cheguei quase a me engasgar, ao engolir em seco aquela afronta.


Pensei, mas não disse a ela, que música é a união de letra com melodia que se harmonizam formando um todo indivisivel que toca a alma e faz aflorar os mais puros e profundos sentimentos.


Música de verdade é aquela cuja complexidade dos acordes desaparece diante da simplicidade da execução de músicos maravilhosos, virtuosos e talentosos.

Música de qualidade não é aquela que tem apenas dois acordes de escala cromática, cujos encadeamentos são tão lógicos, que de tão simples chegam a ser previsíveis.


Música de verdade é aquela cuja letra remete a uma história, a uma situação ou simplesmente a um alguém. Aquela que você ouve e pede a Deus que ela não termine, pois de tão gostosa provoca sensações indiscritíveis.

Eu sou do tempo que música tinha arranjos maravilhosos, com metais e cordas percorrendos as linhas dos pentagramas, cujos resultado era um deleite para os ouvidos e um prazer para o ouvinte.

Sim, senhor! Musica tinha arranjo, com arrigementação e condução de regentes famosos, maestros magnificos, tais como: Radamés Gnattali, Chiquinho de Moraes, Moacir Santos, Erlon Chaves, Paul Mauriat, Billy Vaughn, Ray Conniff e por aí vai...


Ah, sim, voltando ao carro...

E naquele momento que o meu amigo mudou de estação para deixar fluir uma música da Byoncé, para satisfazer a filha, senti os meus ouvidos serem atacados e torturados pela inexpressiva qualidade duvidosa daquele som.


Fiz uma análise rápida, para proteger o meu cérebro daquela invasão de privicidade e percebí que a música tinha no máximo quatro acordes. Que o arranjo de base era montado em cima de música eletrônica programada (quer dizer, quem executa é um programa de computador, sem a presença de músicos).

Fiquei triste por saber que a tal evolução da música ao invés de reconhecer o talento do músico, lhe causa desemprego e dor.


Na verdade não se pode chamar aquilo de arranjo, pois não passa de um "arranjo" muito mal arranjado.


Percebe-se que os produtores já não tem a menor preocupação com isso, pois o que vale mesmo é o visual. É Bunda de fora, perna de fora, balançar de cabeça, pobres coreografias que suprem a falta de inteligência para captar a verdadeira essência da música.

A boa música exige reflexão e um mínimo de cultura para entendê-la. E hoje, definitivamente, a maioria dos jovens não quer pensar.

Salve, salve o futebol-arte!

O futebol moleque dos meninos da Vila
Yvan Fialho*

Que lindo! Foi assim que Evaldo José, narrador esportivo da CBN, se referia aos gols do jogo Santos X Santo André, ontem, 2 de maio de 2010, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Fiz questão de destacar a data, porque o Dunga pode se arrepender para o resto da vida se fizer a besteira de não convocar o Neymar e o Paulo Henrique Ganso, do Santos, para a Seleção Brasileira, no próximo dia 11.

Desculpe-me o Evaldo, mas lindo não foram só os gols.

Lindo mesmo foi o futebol moleque (no bom sentido), alegre, rápido, prá frente, sem retranca, aberto e mais alguns adjetivos que só a poesia consegue descrever, que os times apresentaram.

A mágica dos passes do Paulo Henrique Ganso, que trata a bola com uma intimidade de amante. O oportunismo e a precisão dos chutes do Neymar; a velocidade de Branquinho e o vigor de Bruno Cesar, fizeram do espetáculo um show quase circense.

Não faltou nada. Virilidade, catimba, gols, jogadas de efeito. Nada!. Todos os ingredientes estiveram presentes no "show".

Mas tem gente que não gosta de ver o futebol espetáculo dos meninos da Vila Belmiro, como um depoimento do Alê, zagueiro do Santo André, dizendo que o Neymar fazia muita "firula" e que isso não podia acontecer. Pobre Alê, que infelizmente não nasceu nem com a habilidade de Neymar, nem com a humildade dos verdadeiros craques, pois só estes reconhecem o talento em forma de dribles.

Pergunto: É proibido embelezar o futebol? É proibido jogar bonito, resgatando o futebol-arte, tão raro nos dias de hoje, a não ser no exemplo do Messi, no Barcelona? É feio assitir jogadas maravilhosas que encantam a alma e faz bem aos olhos e ao coração? É proibido ser alegre e feliz?

Porque o que o pobre e infeliz zagueiro quer é o futebol-pancadaria, sem arte, sem talento e sem alma. O futebol mediocre que afasta as pessoas dos estádios.

Pois bem, o futebol moleque dos meninos da Vila resgatou o futebol arte no Brasil e encheu os campos por onde passou.

E somente ao iluminados é dado o direito de levar alegria ao mundo. Os meninos da Vila são iluminados.

Espero que o Dunga não seja um admirador do futebol-pancadaria, embora sabemos do seu gosto pela virilidade na marcação.

O Brasil precisa de talento e personalidade para dar sangue novo à Seleção. E isso o Neymar e o Ganso tem de sobra. Viram quando o Ganso assumiu a responsabilidade de não sair de campo, quando o bom Dorival quis substituí-lo?

Ele chamou pra si a responsabilidade e com essa atitude fez o Santos ganhar o título. Atitude! Essa é a palavra que faltou em 2006. Tanto da comissão técnica da CBF como dos jogadores que disputaram o Mundial.

Vamos mudar, Dunga. Renda-se ao talento.

Viva o futebol moleque dos meninos da Vila.
__________________
*é jornalista